Está prevista para a manhã desta terça-feira (8), na Câmara de Vereadores de Olinda (PE), a votação de uma proposta de concessão de título de cidadão olindense para Jair Messias Bolsonaro, ex-presidente da República e agora réu em processo judicial que o acusa de integrar uma organização criminosa que visava interferir no processo democrático brasileiro. Quem propôs a homenagem ao ex-presidente foi o vereador Alessandro Sarmento (PL), que crê na aprovação da homenagem por ampla maioria.
Alguns grupos sociais insatisfeitos com a proposta prometem realizar um protesto em frente à Câmara. A casa legislativa fica na rua 15 de novembro, nº 93, próximo ao Largo do Varadouro, bairro de mesmo nome, em Olinda. Alessandro Sarmento (PL) também fez uma convocatória para que apoiadores de Bolsonaro se façam presentes. “Precisamos de você aqui neste momento em que iremos libertar Olinda das amarras da esquerda”, chamou.
A sessão tem início às 10h e a proposta de título está registrada como Decreto Legislativo nº 8 de 2025. Em publicações nas redes sociais, Sarmento considera que o título para Bolsonaro contará com pelo menos 14 votos na Câmara de Olinda. Nas contas do bolsonarista, a vereadora Eugênia Lima (PT) será, entre os 17 representantes do povo olindense, a única a dar voto contrário à homenagem. Outros dois poderiam “faltar” à votação.
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De fato, até o momento, a vereadora Eugênia Lima (PT) é a única que demonstrou posição contrária à homenagem. Em vídeo provocativo nas suas redes, a parlamentar petista propõe dar o título de “cidadão da Papuda”, em referência à penitenciária em Brasília, para Bolsonaro”.
Na avaliação de Eugênia, a homenagem proposta por Sarmento reflete “desespero” dos bolsonaristas frente ao risco de prisão do ex-presidente. “Bolsonaro era líder de uma organização criminosa que planejou matar o presidente da República, o vice e juízes do STF, além de acabar com a nossa democracia”, acusa Lima. “Não podemos deixar que ele vire cidadão de Olinda”, conclui.
Por outro lado, nenhum outro vereador, além do próprio autor da proposta, se posicionou publicamente a favor de conceder o título a Bolsonaro. O Brasil de Fato Pernambuco tentou contato com todos os 15 vereadores de Olinda que ainda não divulgaram sua posição sobre o tema.
Apenas Wanderley Simplício (PV) atendeu à reportagem. Ele esteve hospitalizado ao longo da última semana e ainda não tem posição definida sobre a votação. “Sei que é uma homenagem a Bolsonaro, mas, por outro lado, é um pedido de um vereador amigo nosso. Então ainda vamos decidir o que é melhor”, disse André Simplício, que toca o mandato na Câmara ao lado do pai.
Os dois deram a entender que a mesa diretora da Câmara Municipal foi pega de surpresa com a possibilidade de protesto e que a votação do tema pode ser adiada. A sessão deve ser transmitida no canal da Câmara Municipal de Olinda no Youtube.
O decreto legislativo que propõe o título de cidadão olindense para Jair Bolsonaro se resume a três linhas, sem apresentar trabalhos prestados pelo ex-presidente da República à cidade ou qualquer outra justificativa para a concessão do título. “A hegemonia do PCdoB ficou para trás. Nossa cidade agora vai rumo à prosperidade e aos valores defendidos pelo nosso presidente Bolsonaro”, discursou Sarmento ao anunciar a votação do projeto para esta terça (8).
Em 2019, primeiro ano da gestão Bolsonaro na Presidência da República, um boneco gigante em sua homenagem foi colocado para desfilar no Carnaval de Olinda. A imagem alusiva ao político foi bastante hostilizada enquanto andava pelas ladeiras, sendo alvo de ataques de latas e pedras de gelo por parte dos foliões.
No mês de março, Bolsonaro se tornou réu em processo que o acusa pelos crimes de tentativa de abolição violenta do Estado democrático de direito; participação em organização criminosa armada; tentativa de golpe de Estado; dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União; além de deterioração de patrimônio tombado. O julgamento acontecerá no Supremo Tribunal Federal (STF), com risco de prisão do ex-presidente.
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