O desgoverno de Romeu Zema (Novo) segue sua sanha de privatizações e ataques aos direitos da população. Agora, tenta empurrar goela abaixo novas praças de pedágio na Linha Verde, transformando o deslocamento diário na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) em um verdadeiro privilégio.
Quem vai pagar essa conta?
O povo trabalhador, principalmente os mais pobres, que já enfrentam uma batalha diária para sustentar suas famílias. Os moradores do Vetor Norte, que precisam se deslocar para BH para trabalhar, estudar ou buscar atendimento médico, serão os mais penalizados. O Hospital Risoleta Neves, referência em urgência e emergência, atende milhares de pessoas dessas cidades. Se hoje já tem gente abandonando tratamento por não ter dinheiro para a passagem, o que será quando o pedágio tornar tudo ainda mais caro?
O direito à saúde está sendo negociado no balcão da iniciativa privada, sem qualquer preocupação com a vida do povo. E, como de costume do jeito Zema de governar, a decisão é tomada sem diálogo com a população. Nós, da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia, estivemos no Hospital Risoleta Neves, Cidade Administrativa e Aeroporto de Confins para escutar o povo e entender os impactos desse projeto. O recado foi claro: a vida já está cara demais!
O Estado precisa parar de tratar o transporte como mercadoria e começar a olhar para as necessidades reais da população. E não é só a falta de diálogo que escancara o absurdo dessa proposta.
O Ministério Público Federal e o Ministério Público Estadual já classificaram o pedágio como roubo! As investigações apontaram fraude na licitação e superfaturamento das tarifas, levando à denúncia de dezenove réus, incluindo o ex-secretário de Infraestrutura do governo Zema. Ou seja, enquanto o governo tenta justificar novas cobranças, a realidade é um esquema de manipulação para beneficiar poucos às custas do povo mineiro.
Se no Triângulo Mineiro o pedágio virou caso de polícia, quem garante que não estamos diante de mais um golpe na RMBH?
Outro ponto que levanta sérias dúvidas é o financiamento público dessas concessões. O governo pretende investir em infraestrutura antes de entregar as rodovias à iniciativa privada, o que gera um questionamento: se o Estado tem dinheiro para melhorar as estradas, por que não concluir as obras e garantir que a população usufrua delas sem a intermediação de empresas privadas?
Essa operação pode acabar custando mais caro do que a realização direta das obras com financiamento público. Quem realmente vai lucrar com isso?
Falta transparência
E tem mais! Querem implementar o sistema free flow, que além de não gerar empregos, pode transformar o motorista em devedor sem nem perceber. Se a pessoa não conseguir pagar a tarifa a tempo, vai se ver atolada em multas abusivas. Mais um golpe contra quem já paga impostos para ter estradas de qualidade e, mesmo assim, é forçado a desembolsar mais para circular.
A falta de transparência também chama atenção. O governo sequer apresentou estudos de impacto sobre esses pedágios, especialmente em locais estratégicos como o Hospital Risoleta Neves, a Cidade Administrativa e a mobilidade na Região Metropolitana. Como uma decisão desse porte pode ser tomada sem garantir que a população tenha acesso a informações claras sobre os efeitos da medida?
Sem esses estudos, a legitimidade e a razoabilidade da proposta ficam sob forte suspeita.
Esse modelo de privatização das rodovias é um verdadeiro apartheid social, segregando os mais pobres e tornando o direito básico de locomoção um luxo. Enquanto as concessionárias lucram, os trabalhadores são jogados à própria sorte.
Não vamos aceitar esse retrocesso sem luta! Transporte é direito, não privilégio. Seguimos firmes na resistência contra mais esse ataque aos direitos do povo mineiro. Queremos mobilidade acessível, investimento público e um governo que governe para todos.
Andreia de Jesus (PT) é educadora popular, advogada, mãe solo e deputada estadual em Minas Gerais
—
Leia outros artigos de Andreia de Jesus em sua coluna no Brasil de Fato.
— Este é um artigo de opinião, a visão da autora não necessariamente expressa a linha editorial do Brasil de Fato