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Máscara para a democracia nos EUA

Com a ascensão de Trump ao poder nos EUA o regime democrático foi substituído por um falso regime político, com a máscara de democracia.

Os ditadores sempre se valem da democracia para conquistar o poder e, logo em seguida, atentam contra o regime. Assim fez Ferdinan Marcos, que governou as Filipinas de 1965 a 1986, como ditador, tornando-se o homem mais rico do mundo; mandou assassinar milhares de opositores. Ao ser deposto, mudou-se para os EUA com sua fortuna, sem ter cumprido as condenações por seus crimes.

Trump porta-se como os ditadores: os primeiros atos são para livrar seus apoiadores e a si mesmo, de todos os crimes; governar por decreto; demonstrar força e intimidar os adversários internos e externos.

Ditadores sempre se valem da democracia para depois destruí-la

Maquiavel (1469/1527) diz que o mandatário deve ser temido e não amado. É isso que significa a cena dos primeiros atos de seu governo. Com cara de raivoso, Trump assina decretos com o objetivo de deixar em pânico os imigrantes e os governantes de outros países; intenção de deportar estrangeiros em massa; anexar territórios alheios; privilégios para os mais afortunados do país; proteção da economia americana com taxações a produtos importados.

Conforme Stevan Levitsky, autor do livro “Como as democracias morrem”, muitos políticos, comerciantes, figurões da mídia e líderes empresariais que viam Trump como uma ameaça, agora não vêm perigo em suas ofensivas. É clara sua intenção de governar só com seus aliados, tendo atraído para seu governo Michele Godberg do New York Times; donos da Amazon, Google, Meta, Microsoft, Toyota e Elon Musk, dono da X, considerado o empresário mais rico do mundo.

Trump usa a força do Estado para perseguir e intimidar e depois cooptar oponentes que passam a apoiá-lo. A Ku Klux Klan, organização clandestina de supremacia branca, voltou a praticar terrorismo, sem ser incomodada; casas de negros no sul do país foram incendiadas.

Ditaduras perseguem artistas e professores

Toda ação governamental de extrema direita tem fundamento ideológico e comportamental no nazismo e no fascismo. Hitler e Mussolini odiavam e perseguiam artistas modernos e intelectuais, que foram os fios condutores do humanismo. Todos os gêneros artísticos contribuíram para eliminar preconceitos de todas as ordens. A essência do modernismo é o conteúdo da carta nas nações unidas e a proclamação dos direitos humanos (1948).

A Organização das Nações Unidas (ONU) criou órgãos relacionados com saúde, educação, cultura, justiça e direitos humanos. O novo nazismo de Trump está destruindo tudo isso com varredura no serviço público; retirando-se de órgãos da ONU que cuidam das mudanças climáticas, saúde e direitos humanos; não acatando decisões da Assembléia Geral e vetando decisões do Conselho de Segurança.

No primeiro mandato, Trump tentou colocar o exército para reprimir manifestações populares. Agora, como ele controla os meios de comunicação, só resta ao povo manifestações de rua. Com o avançar do tempo de seu mandato, com base nesses fatos, já podemos conjecturar: retirada de recursos da educação para fustigar universitários e cientistas; nomeações arbitrárias de magistrados; matança de populares em manifestações e sumiço de opositores.

Antônio de Paiva Moura é professor de História, aposentado da Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG) e UNI-BH. Mestre em História pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande Sul (PUC-RS).

Leia outros artigos de Antônio de Paiva Moura em sua coluna no Brasil de Fato MG

Este é um artigo de opinião, a visão do autor não necessariamente representa a linha editorial do jornal.

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