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A Privatização da Copel: O Preço de Colocar o Lucro Acima do Interesse Público

Não podemos esquecer que a responsabilidade pela venda da Copel recai sobre o governador Ratinho Jr

Por Arilson Chiorato, deputado estadual e presidente do PT-PR

A Companhia Paranaense de Energia (Copel), uma das maiores e mais lucrativas empresas públicas do Brasil, foi privatizada. No entanto, o que parecia ser uma simples mudança no modelo de gestão se transformou em um processo de esvaziamento da empresa, contrariando o discurso do governo de Ratinho Junior ao arquitetar a entrega ao mercado financeiro. Hoje em dia, a Copel opera como uma corporação privada, com interesses voltados para o lucro imediato, e não para o bem-estar da população paranaense.

Em um cenário em que a Copel continua apresentando lucros astronômicos, é alarmante que, na mesma semana em que anunciou o pagamento de R$ 600 milhões em dividendos para dezembro, tenha se recusado a oferecer qualquer ganho real aos seus funcionários. Este contraste entre o lucro elevado e a recusa em negociar melhorias para os trabalhadores é um claro reflexo de como a privatização não apenas impacta a empresa em termos financeiros, mas também no trato com aqueles que são essenciais para o seu funcionamento. Em vez de reconhecer o esforço de seus colaboradores, a gestão da Copel está preocupada apenas com os investidores, sacrificando direitos trabalhistas e a qualidade de vida daqueles que contribuem para a sua operação e qualidade de serviços para o povo paranaense.

A privatização da Copel, na prática, tem sido acompanhada de uma série de medidas que refletem um modelo de gestão centrado no lucro a qualquer custo. A venda de patrimônio e a distribuição de dividendos, antes considerados como práticas insustentáveis em uma empresa pública, se tornaram as principais estratégias de gestão. Esses ativos, que antes poderiam ser investidos em infraestrutura e no fortalecimento da companhia, são vendidos para maximizar os lucros, sem qualquer preocupação com o impacto a longo prazo na qualidade do serviço prestado à população. A Copel, que deveria ser um ativo estratégico para o Estado do Paraná, agora segue um caminho perigoso, desvalorizando o patrimônio público em nome de um retorno financeiro imediato e distante das necessidades sociais da nossa gente. 

Além disso, a terceirização das negociações com os trabalhadores é outro ponto crítico dessa privatização descarada. A Copel, ao delegar a negociação sindical para empresas terceirizadas, enfraquece a representatividade dos trabalhadores e dificulta a construção de um diálogo justo e equilibrado. Essa postura é um reflexo de uma gestão que prefere soluções impessoais e desvinculadas das realidades e demandas de quem trabalha na companhia, tornando as negociações cada vez mais desiguais e prejudiciais para os empregados. Além disso, é importante destacar quer a qualidade dos serviços caiu, a taxa de reclamações aumentou, assim como as quedas de energia. Por outro lado, o tempo para reestabelecer o serviço está ainda mais demorado, em especial na zona rural e municípios do interior. 
O autoritarismo também tem sido uma constante nas ações da Copel após sua privatização. A empresa não hesita em ameaçar retirar-se da mesa de negociações, suspendendo até mesmo as garantias da data-base vencida, que são direitos trabalhistas fundamentais. Em nome de uma suposta "eficiência" corporativa, a Copel avança com propostas que visam desmantelar direitos essenciais dos trabalhadores, como a redução do abono e a imposição do banco de horas, medidas que aumentam a carga de trabalho e retiram direitos conquistados com anos de luta sindical.

E não podemos esquecer que a responsabilidade por essa privatização e por essa lógica de gestão empresarial recai diretamente sobre o governador Ratinho Junior. Embora ele afirme que não privatizou a Copel, o que vemos na prática é uma transformação da empresa em uma corporação privatista, sujeita às regras do mercado e aos interesses de poucos, enquanto a população paranaense paga o preço dessa mudança. O governador tem se mostrado o principal responsável por essa transição, onde a lógica do lucro prevalece sobre a necessidade de garantir um serviço público de qualidade e com compromisso social.

A privatização da Copel foi o primeiro passo para uma série de decisões que visam diminuir o papel do Estado no setor energético, colocando em risco o acesso da população à energia elétrica como um bem essencial. A privatização não só enfraqueceu a companhia, mas também abriu as portas para um modelo de gestão que serve apenas aos interesses privados, em detrimento dos direitos dos trabalhadores e das necessidades da sociedade.

O que vimos nas últimas semanas é o reflexo de uma privatização malconduzida e que, na prática, prejudica tanto os trabalhadores quanto a população. O enfraquecimento da Copel, a ameaça constante aos direitos dos trabalhadores e o uso de recursos da empresa para maximizar lucros são sintomas claros de um processo que prioriza o mercado em detrimento do serviço público.

 É preciso reestabelecer a função pública da companhia e garantir que os interesses da população e dos trabalhadores sejam, de fato, colocados em primeiro lugar. A Copel deve ser um patrimônio do Paraná, e não uma mercadoria a ser vendida para interesses privados, ao bel prazer do governador que se porta como um menino mimado e birrento, que a trata como seu brinquedo pessoal.

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