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O negacionismo sanitário não mata por acaso – mata por projeto

A extrema-direita governa para poucos e descarta o restante, sabotando políticas que garantem vidas

Quando a extrema-direita chega ao poder, a saúde pública adoece – não por acaso, mas por projeto. Esta é a realidade que aprendemos a enxergar desde a ascensão desse setor da política em países como os Estados Unidos e, logicamente, o Brasil, durante os anos de Bolsonaro na Presidência. Há múltiplos fatores que comprovam essa constatação, e quero aproveitar esta coluna para apontar alguns deles.

Destaco, para começar, o que podemos chamar de negacionismo sanitário, postura que ficou escancarada durante a pandemia de Covid-19. Esse negacionismo nada mais é do que a recusa ou distorção deliberada das evidências científicas e das medidas de saúde pública por pura motivação ideológica. A desinformação se torna uma ferramenta de controle e poder, e, para isso, atacar e descredibilizar instituições de saúde sérias – como foi o caso da Fiocruz no Brasil – faz parte do roteiro desses governos.

Outro ponto importante a destacar é o enfraquecimento das políticas públicas que envolvem a saúde, como os ataques sistemáticos ao Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil. Os estragos foram tão profundos que levaremos anos para recuperar. Um exemplo similar ocorre no Reino Unido, onde o NHS (o serviço nacional de saúde) sofre um desmonte progressivo sob governos conservadores, comprometendo sua capacidade de oferecer atendimento universal e gratuito.

Também é fundamental ressaltar que, em um planeta cada vez mais impactado pelas mudanças climáticas, a agenda antiambiental desses governos tende a agravar as crises de saúde pública. Os efeitos são visíveis: populações inteiras expostas a extremos de calor, inundações, insegurança alimentar e novas epidemias. Tudo isso enquanto líderes negam a emergência climática e enfraquecem regulações ambientais.

Não se trata de acaso ou incompetência, mas de um projeto que escolhe quem vive e quem morre. A extrema-direita governa para poucos e descarta o restante, sabotando políticas que garantem vidas. Diante desse cenário, resistir significa defender a ciência, fortalecer o sistema público de saúde e não permitir que a destruição continue sendo normalizada.

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