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Mulheres em luta: taxar os super-ricos e combater a fome no Brasil 

Taxar os super-ricos não é apenas uma questão de justiça fiscal, é uma questão de sobrevivência

Por Joyce Pedroso

Mais uma vez celebramos no 8 de Março, Dia Internacional da Mulher, as conquistas históricas das mulheres. Mas este é também o momento de refletir sobre os desafios que ainda persistem. Em 2025, a luta das mulheres extrapola as demandas por igualdade de gênero e se entrelaça com questões estruturais que afetam toda a sociedade: a desigualdade social, a fome e a concentração de riqueza. Hoje, mais do que nunca, as mulheres estão na linha de frente de uma batalha urgente: taxar os super-ricos e combater a fome. 

A fome é uma realidade cruel que atinge milhões de pessoas no Brasil e no mundo, e as mulheres são as mais impactadas por essa crise. São elas que, em muitos lares, assumem a responsabilidade de garantir o alimento na mesa, mesmo quando não têm o suficiente para si mesmas. São as mães que passam dias sem comer para que seus filhos possam se alimentar, as trabalhadoras informais que lutam diariamente para sobreviver em um sistema que as explora e as invisibiliza. A fome tem rosto, e ele é, em grande parte, feminino. 

Enquanto isso, uma pequena parcela da população acumula riquezas obscenas. Os super-ricos, que concentram boa parte da riqueza global, seguem sem contribuir de forma justa para a sociedade. Enquanto milhões passam fome, eles lucram com sistemas econômicos que perpetuam a desigualdade. Taxar os super-ricos não é apenas uma questão de justiça fiscal, é uma questão de sobrevivência. É uma medida necessária para redistribuir recursos e garantir que ninguém precise escolher entre comer ou pagar as contas. 

As mulheres sabem, por experiência própria, que a luta contra a fome e a desigualdade é também uma luta feminista. A pobreza e a fome são frutos de um sistema patriarcal, racista e capitalista que oprime as mulheres, especialmente as negras, indígenas, periféricas e LGBTI+. Por isso, as mulheres estão nas ruas, nas comunidades, nos movimentos sociais, exigindo mudanças estruturais. Elas sabem que não há igualdade de gênero possível em um mundo onde a fome e a desigualdade continuam a ceifar vidas. 

Neste Março das Mulheres, lutamos por políticas públicas que priorizem a vida e a dignidade humana. Exigimos a taxação das grandes fortunas, a garantia de uma renda básica universal, o fortalecimento de programas de segurança alimentar e o acesso universal à educação, saúde e moradia. A luta por um mundo mais justo é coletiva e somente unidas, podemos transformar a realidade. 

E essa união se fortalece na construção do Plebiscito Popular Pela Taxação das Grandes Fortunas e fim da escala 6×1, uma iniciativa que nasce das bases, dos movimentos populares, das periferias e das vozes das mulheres que não se calam diante da injustiça que é ter um país onde os ricos não pagam pela crise que eles mesmos criaram, ao mesmo tempo em que nossa população – em especial, as mulheres, que já vivem com a dupla jornada de trabalho – é massacrada com uma escala de trabalho desumana. 

O plebiscito é um instrumento de luta e de democracia direta, que permite ao povo brasileiro dizer, com clareza e força, que é hora de taxar as grandes fortunas para combater a fome e a desigualdade. As mulheres estarão à frente dessa mobilização, organizando assembleias, debates e campanhas, mostrando que a mudança começa com a participação popular e a pressão coletiva. 

Mulheres em luta são a força motriz de mudanças profundas. Chega desse sistema que privilegia poucos em detrimento de muitos. Não podemos nos calar diante da fome, da miséria e da injustiça. Neste mês de março, as mulheres seguem firmes, com a certeza de que a luta por taxar os super-ricos e combater a fome é a luta por um futuro onde todas e todos possam viver com dignidade. 

*Joyce Pedroso compõe o Setor Nacional de Mulheres do Movimento Brasil Popular.

**Este é um artigo de opinião e não necessariamente representa a linha editorial do Brasil do Fato.

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