Entre os dias 17 e 20 de março de 2022, em Sarzedo (MG), nascia o Movimento Brasil Popular em sua primeira assembleia nacional, reunindo militantes de diversos estados brasileiros que tinham um objetivo comum: a construção de um movimento político de massas, que tivesse a capacidade de combinar a luta social, institucional e ideológica, organizando o povo com o horizonte de um Projeto Popular para o Brasil.
Nesse momento inicial, tínhamos um histórico de lutas e organização popular vindo do nosso campo político e muita garra para iniciar a caminhada de construção desse movimento, que até então estava mais em nossos sonhos e possibilidades que em nosso dia a dia. Faz 3 anos que iniciamos essa jornada desafiadora, muitas vezes dolorosa, com vitórias e derrotas, mas também com muita mística e esperança.
A luta de classes no Brasil se encontra em uma fase especialmente desafiadora, empurrando a esquerda e as forças progressistas para um necessário balanço dos últimos anos e para uma reorganização de suas táticas de luta para a retomada de um horizonte de futuro que tenha como prioridade o povo brasileiro como protagonista de sua própria história.
O surgimento do Movimento Brasil Popular está conectado ao processo de reorganização da esquerda no contexto de ofensiva das forças conservadoras em nosso país após o golpe de 2016, a prisão de Lula, a emersão de Jair Bolsonaro como uma liderança e o fortalecimento da ultra direita como um novo ator da correlação de forças na sociedade. Todos os acontecimentos da última década e a retração da esquerda enquanto força política de referência para importantes setores da população escancarou os limites das táticas de luta implementadas nos últimos anos e os grandes desafios que temos pela frente, a necessidade de reinvenção de nossos métodos e formas de atuação.
A consolidação do Partido dos Trabalhadores enquanto principal polo partidário que aglutina a classe trabalhadora em torno da luta por direitos viabilizou que ele se convertesse na principal máquina eleitoral das forças progressistas brasileiras, o que foi fundamental para o reposicionamento da esquerda e da luta dos trabalhadores após a ditadura militar. Ao mesmo tempo, a trajetória do partido demonstra limites que precisam ser superados para que o povo avance em seus direitos e condições de vida.
O desenrolar histórico de nosso país e a atual correlação de forças com o grande avanço da direita comprovou que a consolidação dessa máquina eleitoral foi fundamental, porém insuficiente para os enormes desafios da classe trabalhadora brasileira. Precisamos avançar no fortalecimento do partido e seu vínculo com as massas para além das eleições, com base em um projeto estratégico que aponte um horizonte de ruptura com as estruturas do nosso atual modelo de desenvolvimento, que cada vez se demonstra mais incapaz de garantir as condições mais básicas para a reprodução da vida digna.
Todos os avanços sociais que tivemos em nossos governos nas últimas décadas foram fundamentais para a garantia de direitos para o povo, porém o cenário de ofensiva implacável da direita demanda de nós mais que a garantia de direitos. É necessário adotarmos um projeto político de radicalização da democracia em um sentido participativo.
Partindo-se da garantia de direitos básicos é fundamental ampliarmos o horizonte político para darmos as condições de o povo, tendo a reprodução de sua vida garantida, com o acesso à saúde, educação, moradia, alimentação adequada, transporte e tantos outros, e condições de dar um passo à frente, convertendo-se em sujeito político, um construtor da história do Brasil. Este povo, empoderado de seus direitos, com espaço de participação social e educação popular, será o único capaz de produzir o projeto político que sonhamos para nosso país.
Do ponto de vista dos movimentos, nosso papel é contribuir, através da educação popular, do trabalho de base e da luta política, para ampliação dos espaços de poder e de participação, questionar o atual modelo de políticas públicas que condenam a classe trabalhadora a meros beneficiários e espectadores. Para isso, é necessário fortalecer o Partido dos Trabalhadores enquanto ferramenta de organização popular, que impulsione a mobilização nacional e territorialmente.
Celebramos os 3 anos de existência do MBP com a certeza de que ainda temos uma longa caminhada pela frente, mas com muita esperança e compromisso com os humildes passos que demos até aqui: construímos um movimento nacional que pôde avançar no enraizamento de sua frente social a partir da multiplicação de cozinhas populares, cursinhos pré-vestibular, pontos de cultura e de economia solidária por todo o Brasil; construímos nossa incidência na disputa institucional a partir das candidaturas do movimento para os legislativos municipais e estaduais, e no sucesso eleitoral de alguns deles, e também nossa atuação no executivo federal, contribuindo para a disputa e execução de programas e políticas públicas em nome do povo e do projeto que foi eleito nas urnas! Viemos também contribuindo na disputa ideológica através da comunicação popular em suas mais diversas manifestações e meios, e da formação política, com a construção dos Cursos de Realidade Brasileira, os Cursos de Agentes Populares e a Escola Nacional Paulo Freire.
Temos muito orgulho de nossa caminhada até aqui, sabendo que nossa atuação na combinação das lutas social, ideológica e institucional está voltada para o fortalecimento da organização popular. Partimos do pressuposto que as transformações que o Brasil quer e precisa virão pelas mãos do povo brasileiro, que através do trabalho de base e da educação popular construirá as condições para a materialização do Projeto Popular para o Brasil!
Viva os 3 anos do Movimento Brasil Popular!