“Imagino o Donald Trump levantando da sua cama hoje e falando: ‘Um vereador vai me dar aplausos na Câmara Municipal de Curitiba’. O dia dele certamente ficou muito emocionante. Mas sabe, vereador, eu tenho certeza que Donald Trump não sabe seu nome, não sabe sequer o que o senhor está fazendo aqui”.
E foi dessa forma que comecei minha fala na Tribuna da casa de leis da capital paranaense para rebater esse absurdo. Para não alongar ainda mais a discussão, sugeri a esse “representante do povo” e a todos que o apoiavam na atitude, que discutíssemos temas relevantes à nossa população.
Quais são esses temas?
Para exemplificar, falei sobre os constantes alagamentos em vários pontos da cidade, sobre os moradores que não aguentam mais essas situações recorrentes e prejuízos. Há um projeto de lei apto para ser votado na capital paranaense desde setembro do ano passado, para isentar o IPTU dos imóveis atingidos por enchentes e alagamentos. Em 2022, foi de interesse da prefeitura, em regime de urgência e a toque de caixa, aumentar o valor do IPTU na cidade. Porém, na hora de acolher as pessoas mais humildes e colocar em prática uma possível isenção, isso não é de interesse público e ainda não entrou em pauta.
Poderíamos olhar para as mais de 185 mil pessoas que aguardam na fila de espera para consultas e exames pelo SUS curitibano, de acordo com dados do Portal da Transparência da Prefeitura Municipal. E esses foram apenas dois pontos que já poderiam ter encerrado a discussão.
O compromisso é com a população
Debater a cidade não é sobre conseguir likes nas redes sociais, mas sim, lutar por uma Curitiba de todos nós, ao invés de aplaudir alguém que não nos governa, não nos diz respeito e muito menos sabe da nossa existência. Os curitibanos querem representantes que olhem para eles; a população curitibana paga os salários dos vereadores para que trabalhem de maneira humanizada.
É preciso urgentemente legislar com compromisso, responsabilidade e respeito ao cidadão da nossa cidade. Não é sobre ser situação ou oposição, esquerda ou direita. É sobre ser sensato e cumprir com um compromisso assumido em 1º de Janeiro a favor da municipalidade.
Sobre a autora: Camilla Gonda é vereadora de Curitiba pelo PSB, formada em Direito pela PUCPR, mestranda em Ciência Política pela UFPR, pesquisadora, ao lado da juventude e pelas mulheres.
*Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.