As recentes pesquisas que têm indicado uma queda de popularidade do governo Lula parecem, à primeira vista, um mistério para quem olha para a condução das políticas públicas e para os números frios da economia brasileira.
Para ficar em poucos exemplos, a taxa de desemprego do trimestre encerrado em janeiro de 2025 é a menor desde 2013; em janeiro de 2025, temos 1,5 milhão de trabalhadores com carteira assinada a mais do que havia em janeiro de 2024; políticas públicas essenciais, como o Minha Casa Minha Vida, foram retomadas após o desmonte dos governos Temer e Bolsonaro, e novas políticas foram criadas, como o Pé de Meia, que provê auxílio financeiro para estudantes do ensino médio de baixa renda. A inflação está controlada e o país vem crescendo em taxas razoáveis.
Em parte, a queda da popularidade pode ser atribuída ao cerco midiático. A já conhecida oposição dos monopólios da comunicação se complexifica na era das redes sociais, quando empresas privadas cujos proprietários se alinham abertamente à extrema-direita mundial, a exemplo de Mark Zuckerberg (Facebook e Instagram) e Elon Musk (X, antigo Twitter).
No passado, contudo, mesmo sem a hegemonia no campo da comunicação, governos progressistas conseguiram sustentar sua popularidade a partir da execução de políticas públicas que efetivamente melhorassem a vida do povo. Hoje, a retomada das políticas públicas não tem se traduzido tão imediatamente na percepção de melhora de vida.
Famílias endividadas
Um problema ainda pouco repercutido que tem afetado o dia-a-dia dos brasileiros são os patamares elevados de endividamento das famílias. Temos 76,7% das famílias brasileiras endividadas e 29,3% tem contas em atraso. Com isso, 29,8% dos ganhos familiares, em média, são comprometidos com o pagamento de parcela de dívidas. O endividamento, além de um problema para o cidadão, afeta o conjunto da economia, na medida em que tende a produzir uma redução da atividade econômica pela retração do consumo. Um novo Desenrola, programa de negociação das dívidas executado no início do governo, cairia bem para mitigar a situação.
Porém, é necessário apontar a real causa do problema: os altíssimos patamares de juros praticados no Brasil, referenciados na acintosa taxa Selic definida pelo Banco Central e as taxas exorbitantes praticadas no varejo por um sistema bancário fortemente concentrado.
Está na hora de o governo e a sociedade retomarem a campanha pela redução das taxas de juros, que drenam recursos públicos, os salários dos trabalhadores e são um “freio de mão puxado” na economia.
—
Leia outros editoriais do Brasil de Fato MG aqui!