Ouça a Rádio BdF

Nordestinados a ler: literatura brasileira em pauta

Idealizado por Luciana Bessa, blog dispõe de uma equipe de mulheres comprometidas em dar destaque à literatura nacional.

Um relevante veículo de difusão da literatura brasileira contemporânea, o blog Nordestinados a ler se propõe à realização de leituras de obras literárias de autoria feminina, sobretudo a produzida no Nordeste.

Apesar dessa proposta inicial, o Nordestinados a ler não se restringe apenas à divulgação de obras de autoria feminina, e de livros produzidos no Nordeste, pois apresenta obras literárias de outras regiões do Brasil e, também, de outros países.

Idealizado pela professora doutora Luciana Bessa (que é escritora, pesquisadora e realizou uma das mais relevantes pesquisas, no Brasil, sobre a obra de Carlos Drummond de Andrade), o Nordestinados a ler dispõe de uma equipe formada por mulheres comprometidas em dar destaque a nomes significativos da literatura nacional. Além de Luciana Bessa (coordenadora), compõem a equipe: Ana Flaira (bolsista), Karine Monteiro (voluntária), Shirley Pinheiro (colunista) e Ludimilla Barreira (colunista).

O blog aponta para o fato de que admira e valoriza a produção artística do eixo Rio de Janeiro e São Paulo, mas sublinha a necessidade de dar visibilidade ao que está fora do hegemonicamente constituído no campo literário nacional. Assim, ele dispõe de colunas literárias intituladas: 1) História das mulheres na literatura, 2) Mulheres pioneiras e 3) Agremiações literárias. Além disso, apresenta: 1) Indicações de livros de autoria feminina e 2) Outras indicações. Também dispõe de entrevistas, homenagens, resenhas, artigos de opinião e análises.

Além do amplo espaço de divulgação digital, foi publicada, em 2021, a primeira Coletânea de textos: Nordestinados a ler. Em 2025, a coletânea já está em sua quarta publicação, que está disponível, gratuitamente, assim como as demais, no catálogo da plataforma E-books da Pró-reitoria de Pesquisa, Pós-graduação e Inovação (PRPI) da Universidade Federal do Cariri (UFCA).

Digital ou impressa, nessas compilações são apresentados os nomes de: Rachel de Queiroz, Nélida Piñon, Olga Savary, Alice Ruiz, Ana Miranda, Natércia Campos, Conceição Evaristo, Maria Valéria Resende, Micheliny Verunschk, Socorro Acióli, Bastinha Job, Josenir Lacerda, Dalinha Catunda, Salete Maria, Tina Correia, Marília Arnaud, Karla Jaqueline Vieira Alves, Dia Nobre, Natália Pinheiro, Cícera Mamede, dentre outras escritoras modernas e contemporâneas.

Como o século XXI tem sido marcado pelo mundo virtual e suas ferramentas, o Nordestinados a ler utiliza essas ferramentas com a intenção não só de tornar nossa literatura conhecida, mas de incitar ao debate, uma vez que traz leituras críticas nas quais somos levados a percepções amplas de cada obra discutida.

Sendo a literatura brasileira contemporânea um baile assimétrico, como a definimos em texto anterior, no Nordestinados a ler esse baile é promovido com ênfase em dois nítidos aspectos: 1) análises críticas que apontam para os temas abordados, e o modo como as autoras tratam dessas temáticas a partir da singularidade dos seus estilos, e 2) análises críticas que observam componentes estéticos em contexto literário orientado menos à experimentação estética e mais à observação conteudística, que, em vários aspectos, é influenciada pelos novos rumos da complexa e fragmentada modernidade tardia a que temos denominado contemporaneidade.

Nesse processo literário de forças criativas e contraditórias em movimento, o Nordestinados a ler dá espaço para muitas vozes que se desafiam à experimentação existencial pela palavra artisticamente trabalhada e que empreendem uma sincera busca de fazê-la profunda em suas artesanias complexas.

* Émerson Cardoso é doutor, mestre, especialista e graduado em Letras. Pesquisador em Literaturas de Língua Portuguesa e Francesa, Professor e Escritor. Publicou, dentre outras obras, os livros: O baile das assimetrias (2022), Jornadas (2023) e Romanceiros (que recebeu o I Prêmio Literário Demócrito Rocha de 2024). Organizou Juazeiro tem artistas, Juazeiro tem poesia: manifesto poético (2024).

** Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato. 

Para receber nossas matérias diretamente no seu celular clique aqui.

Veja mais