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Economia ladeira abaixo: quando cortar gastos gera mais corte dos gastos

Projeto de austeridade fiscal tem colocado nossa economia no fundo do poço

Os principais jornais brasileiros têm dado ênfase ao debate da resiliência da economia brasileira em voltar a crescer. Muita gente acreditou que bastava ter um presidente conservador com um ministro aclamado pelo “deus” mercado para a economia sair do buraco.

Ocorre que a economia brasileira vai de mal a pior desde os desacertos do governo Dilma, em 2015, quando a Presidenta – por pressões da polarização política – resolveu adotar parte do receituário liberal de cortar gastos em uma economia em desaceleração.

Desde 2015 que ouvimos a ladainha de que bastam cortes de gastos e reformas para retomar a “confiança” do mercado e do investidor voltar a investir. Os sucessivos Ministros da Fazenda, em geral, nos dão prazos curtos: ajustando as contas públicas, no próximo trimestre teremos crescimento econômico. O mesmo Joaquim Levy que foi um dos responsáveis por ter realizado o ajuste fiscal que fez a taxa de desemprego subir de 6,5% para 12% em menos de um ano, afirma que “com reforma da Previdência, o Brasil deve voltar a crescer a ritmo de até 3% ao ano”.

As projeções para o PIB do primeiro trimestre de 2019 já foram revistas 10 vezes – para baixo. E o resultado do indicador que antecede o resultado final do PIB mensal dá o tom da profundidade da crise. 

A novidade é que parece que a equipe econômica do governo não entendeu nada! Frente a essa nova previsão de crescimento negativo, o governo Bolsonaro prepara um corte adicional de R$ 10 bilhões aos cortes de gastos públicos já realizados! Isso só aprofundará a crise, colocando outra vez a economia brasileira em recessão (e três trimestres seguidos de PIB negativo).

Isso porque quanto mais se contrai a renda na sociedade – através de contingenciamentos no investimento, nas políticas sociais e nos demais gastos públicos – menores são as possibilidades de consumo da população, uma vez que o Brasil sofre de ausência de demanda por mercadorias e serviços, o que desestimula o investimento dos empresários e leva a mais desemprego. 

PIB= C+G+I+(M-X)
Vejamos a composição do cálculo do PIB: ele é composto pela soma do consumo (C) com os gastos do governo (G), com os investimentos públicos e privados (I) mais a diferença entre a exportação e a importação (X-M).

Ou seja, se o PIB é a soma de todos esses itens e se eles estão em retração (investimento) ou congelados (gastos do governo) ou ainda em queda (consumo) então não tem mesmo como ter crescimento econômico.

Estávamos caindo na armadilha econômica na qual o corte de gastos do governo e a ausência de políticas de estímulo à atividade econômica geram mais desemprego, menos investimento e contraem o consumo, o que gera menos arrecadação fiscal ao Estado e, logo, mais necessidades de corte de gastos.

Resumindo: esse projeto de austeridade fiscal tem colocado nossa economia no fundo do poço, adiando – mais uma vez – nosso sonho de ter um futuro no qual estejam presentes o direito ao acesso ao trabalho, a educação e a saúde.
 

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