Não espere do governador do Paraná Ratinho Junior (PSD) a verdade sobre a necessidade de privatizar a Celepar. Tudo que você vai ler e ouvir são motivos que não se sustentam no ar. Um deles fala da necessidade de enxugar comissionados e seus salários. A justificativa é questionada pelo comitê de funcionários. A comissão enviou carta ao secretário de planejamento Guto Silva.
O governador contou que a privatização da Celepar trará uma economia de R$ 19 milhões com 40 cargos comissionados. No entanto, não disse que existem outros mecanismos para economizar que passem necessariamente pela venda da empresa. É o que questionam os funcionários.
Segundo eles, essa economia poderia ser alcançada sem a privatização, bastando o governo dispensar os comissionados indicados pela atual gestão. Informações do Portal da Transparência mostram que essas nomeações foram feitas diretamente por secretários do governo, incluindo apadrinhados políticos.
“O discurso de economia de 19 milhões por ano do governador é é lamentável e não condiz com a verdade. Os cargos comissionados, responsáveis por esses altos salários, foram criados em governos anteriores e mantidos pelo atual governo”, diz Jordanesson Falcão, advogado do comitê de trabalhadores.
Um desses cargos comissionados pertence a tia do Secretário Guto Silva, que ocupa um cargo na empresa. Segundo os funcionários, em carta aberta, “se há cargos políticos, a responsabilidade é do próprio governo, que pode extingui-los de imediato. Além disso, é importante destacar que a prática tem servido, na verdade, para acomodar parentes e aliados do próprio governo”, diz o texto.
Para os funcionários, é plenamente manter a Celepar pública. Eles acreditam que o processo de venda pode ser revertido e o leilão não realizado. “Acreditamos que o argumento de que uma empresa pública é necessariamente mais lenta e ineficiente não se sustenta. A Celepar, ao contrário, é capaz de atender demandas específicas do governo e da população sem as amarras do lucro. Com gestão estratégica, ela pode inovar, preservar os interesses públicos e continuar garantindo qualidade e economia”, dizem em carta.
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*Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.