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A quem interessa a construção de uma usina termoelétrica na periferia de Brasília?

A construção da termelétrica em Samambaia prevê a desocupação de uma escola classe que atende 600 estudantes 

A cada dia que passa, as consequências da crise climática mundial se intensificam, principalmente para a população mais empobrecida. Os dias estão cada vez mais quentes, a seca está chegando mais cedo no Distrito Federal e o regime de chuvas está cada vez mais espaçado e intenso. 

Tudo o que vem acontecendo poderia ser amenizado com a implementação de medidas efetivas de reparação ambiental, como por exemplo, o investimento em fontes de energia renováveis, a promoção de uma mobilidade urbana verdadeiramente sustentável, o reflorestamento de áreas desmatadas, a recuperação que cursos d’água contaminados,  mas em vez do Estado buscar reverter esse cenário, ele está indo no sentido contrário. 

No DF algo absurdo vem acontecendo de maneira silenciosa: estão querendo instalar uma usina termelétrica a menos de 30 quilômetros da Esplanada dos Ministérios.

Para nivelar o entendimento sobre a gravidade da situação é importante explicar que uma usina termelétrica é uma instalação que gera energia a partir do calor produzido pela queima de combustíveis fósseis, ou seja, combustíveis não renováveis. Essa fonte de calor e uma grande quantidade de água são os principais elementos para a geração de energia. A princípio isso pode parecer uma boa ideia para quem desconhece os impactos de uma terméletrica, mas está longe de ser.

Afinal, a utilização de fontes não renováveis para a produção de energia promove uma grande emissão de poluentes no meio ambiente, a alteração da biodiversidade local, o aumento da ocorrência de chuvas ácidas, isso tudo para produzir níveis de baixíssima eficiência energética com impactos ambientais, sociais e sanitários intensos e permanentes.

De acordo com o projeto apresentado, a usina, que precisará desocupar a Escola Classe Guariroba, que atende cerca de 600 estudantes, pode lançar anualmente toneladas de fumaça, afetando um raio de até 20 quilômetros. Isso significa que outras cidades do DF e do Entorno também serão impactadas pela poluição gerada pela termelétrica. Além de retirar um volume de água equivalente a mais de 5 mil caixas d’água de 500 litros do Rio Melchior todos os dias, o que pode agravar a crise hídrica e nos levar ao racionamento de água em todo o DF mais uma vez.  

É importante ressaltar que esse movimento no DF não é uma ação isolada. De acordo com a Coalizão Energia Limpa existem mais de 70 novas termelétricas em estudo e planejamento no Brasil, ou seja, é um movimento coordenado. Também de acordo com a organização, essa verdadeira regressão energética acarretará o bloqueio de investimentos em renováveis no setor elétrico por 15 a 30 anos, além de aumentar os custos da energia consumida no país.

E mesmo com estudos sobre o impacto da usina apresentando que sua construção gera mais impactos negativos do que positivos, órgãos do Governo do Distrito Federal (GDF) vem se posicionando favoráveis à construção, pois a lógica capitalista prioriza o lucro em detrimento da vida, principalmente quando essas vidas são periféricas.

A população do DF precisa seguir se organizando e lutando coletivamente para barrar esse retrocesso, pressionando outros parlamentares a se somarem a essa luta.

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