Ouça a Rádio BdF

Dia da Terra: defender a Palestina é defender as nossas periferias

O que acontece em Gaza é parte de uma catástrofe que já ocorre em menor escala em nossas cidades

Desde que interrompeu o cessar-fogo em Gaza, na última semana, o Estado racista e colonial de Israel já matou mais de 800 pessoas. A contar do início da mais recente ofensiva sionista, em 7 de outubro de 2023, cerca de 50 mil palestinos foram assassinados, a ampla maioria civis: mulheres, crianças, jornalistas, profissionais da saúde, pacientes hospitalizados, funcionários de organismos internacionais a trabalho, entre outros. 

Para além da Faixa de Gaza, Israel também ataca civis na Cisjordânia, no Líbano e no Iêmen, enquanto planeja violar as fronteiras de outras nações vizinhas, nos marcos do projeto “Grande Israel”. Mundo afora, a direita mais retrógrada, aliada do ditador Benjamin Netanyahu, persegue quem protesta contra o sionismo em seus países. É o caso dos Estados Unidos, onde, no dia 13 de março, cerca de 100 judeus pró-palestina foram presos durante um ato na Trump Tower, em Manhattan, pedindo liberdade para o ativista Mahmoud Khalil. 

No dia 23 de março, uma das vítimas do sionismo foi o brasileiro-palestino Walid Khaled Abdallah, que faleceu no cárcere, seis meses após ter sido sequestrado pelas forças israelenses. A Federação Árabe Palestina denuncia que Abdallah e outras pessoas detidas por Israel podem ter sofrido tortura. O governo do Brasil pediu esclarecimentos formais. Porém, o mais importante ainda está por ser feito: romper todo tipo de relação diplomática com Israel e liderar uma ruptura das relações comerciais entre o Sul global e o Estado genocida. 

O que acontece em Gaza neste momento é parte de uma catástrofe humanitária que já ocorre em menor escala em nossas cidades, nas vilas, favelas e ocupações onde, frequentemente, a polícia reprime com tecnologia israelense, valendo-se do mesmo princípio racista para o qual algumas vidas importam menos do que outras. 

Em certo sentido, Lula tinha razão quando comparou o sionismo ao Nazismo, com a ressalva de que o sionismo é ainda pior. Afinal, o regime liderado por Hitler tentou, enquanto foi possível, ocultar seus crimes, ao passo que o genocídio em Gaza é transmitido em tempo real pelas redes sociais e canais de TV, com a conivência de parte da sociedade.

Contudo, há resistência. Ao lado do combate armado que o Hamas, o Hezbollah e os Houthis travam no Oriente Médio, desencadeando uma das maiores crises que já se abateram sobre o Estado colonial de Israel, milhares de pessoas em todo o mundo têm se manifestado em apoio à causa palestina. Para o próximo domingo (30), a Frente Nacional pela Palestina convoca atos em diversas cidades no Brasil. As manifestações acontecem por ocasião do Dia da Terra, data que recorda o roubo por Israel, em 1976, de milhares de hectares de terras palestinas na Galileia, com dez mortos e centenas de feridos.

A luta em defesa da Palestina é de todas as pessoas que se comprometem com a causa da emancipação humana e da autodeterminação dos povos. Construir uma ampla aliança contra o sionismo, exigindo dos governos total ruptura com Israel, é determinante para o nosso próprio futuro nos países periféricos. 

Palestina livre, do rio ao mar!

*Wallace Oliveira é comunicador popular e militante do MTD em Minas Gerais.

Veja mais