Os primeiros resultados do Censo Agropecuário foram divulgados e trouxeram o que já sabíamos: a concentração da propriedade rural, o aumento da produção de grãos para exportação (especialmente milho, soja e café), o avanço sobre a natureza e a biodiversidade e menos trabalhadores no campo. O número de pessoas ocupadas em atividades agropecuárias diminuiu 9,2% em relação ao último censo (2006), já a área plantada cresceu 5% (o que corresponde ao tamanho do Acre). Cresceu também o número de tratores, grandes máquinas e o consumo de agrotóxicos e o plantio de sementes modificadas.
Se os dados chocam, depois das mudanças legislativas e do corte de políticas públicas no campo, esse cenário tende a piorar. A instabilidade dos sindicatos de trabalhadores rurais após a reforma trabalhista ou mesmo a Lei 13.465/2017, que facilita a grilagem de terras no país, são exemplos de que o atual governo federal e o Congresso querem um país de matriz agrária, mas sem gente no campo.
Vale lembrar que 70% dos estabelecimentos rurais têm área entre 1 e 50 hectares, mas não ocupam nem 20% das terras. E 70% de nossa comida vem desses pequenos agricultores. Se expulsam o povo do campo, quem produz nosso alimento? O Agro é tech, mas não nos alimenta.