Moisés Waisman*
Judite Sanson de Bem**
Rute Henrique da Silva Ferreira***
No mês de março comemora-se o Dia Internacional da Mulher. O início deste processo foi demarcado “por fortes movimentos de reivindicação política, trabalhista, greves, passeatas e muita perseguição policial”. Desta forma este dia “simboliza a busca de igualdade social entre homens e mulheres, em que as diferenças biológicas sejam respeitadas, mas não sirvam de pretexto para subordinar e inferiorizar a mulher”. (BLAY et al., 2001).
Este artigo objetiva refletir a discussão sobre o emprego entre gêneros, ampliando e atualizando o debate sobre a mulher no mercado de trabalho. O texto deriva do “Boletim Especial sobre as Mulheres no Mercado de Trabalho”, produzido pelo Observatório Unilasalle: Trabalho, Gestão e Políticas Públicas. Os dados derivam do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística por meio da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD-Continua) Trimestral. As informações dizem respeito ao quarto trimestre do ano de 2024. Como recorte metodológico selecionou-se quatro regiões geográficas (Brasil, Rio Grande do Sul, Região Metropolitana de Porto Alegre – RMPA e o município de Porto Alegre).
Iniciamos discutindo a variável, quantidade de pessoas de 14 anos ou mais de idade ocupadas na semana de referência por sexo, no 4º trimestre de 2024 no Brasil, no estado do Rio Grande do Sul, na RMPA e no município de Porto Alegre. A figura 1 apresenta a proporção da quantidade mulheres de 14 anos ou mais de idade ocupadas na semana de referência no 4º trimestre 2024 no Brasil, nas mesmas regiões estudadas.
Figura 1 – Proporção da quantidade mulheres de 14 anos ou mais de idade ocupadas na semana de referência no 4º trimestre 2024 no Brasil, no estado do Rio Grande do Sul, na Região Metropolitana de Porto Alegre e no município de Porto Alegre

Fonte: Elaborado pelo Observatório UniLaSalle: Trabalho, Gestão e Políticas Públicas a partir dos dados disponíveis em https://sidra.ibge.gov.br/pesquisa/pnadct/tabelas acessado em 24/02/2025
Nestes dados as mulheres tem uma forte presença: mulheres 44.838.000 (43%) no Brasil, 2.712.000 (45%) no estado do Rio Grande do Sul, 1.052.000 (46%) na Região Metropolitana de Porto Alegre e 384 mil (48%) em Porto Alegre. Além disso conforme vamos concentrando por região há um aumento de participação das mulheres. (Observatório do Trabalho, 2025)
Outro indicador do mercado de trabalho é a desocupação. Entende-se desocupação como sinônimo de desemprego de uma pessoa.
A figura 2 mostra a proporção (em %) da quantidade mulheres de 14 anos ou mais de idade, desocupadas na semana de referência, no 4º trimestre 2024 no Brasil, no estado do Rio Grande do Sul, na Região Metropolitana de Porto Alegre e no município de Porto Alegre.
Figura 2 – Proporção de mulheres de 14 anos ou mais de idade, desocupadas na semana de referência no 4º trimestre 2024 no Brasil, no RS, na RMPA e no município de Porto Alegre

Fonte: Elaborado pelo Observatório UniLaSalle: Trabalho, Gestão e Políticas Públicas a partir dos dados disponíveis em https://sidra.ibge.gov.br/pesquisa/pnadct/tabelas acessado em 24/02/2025
A quantidade de pessoas de 14 anos ou mais de idade e a proporção de mulheres de 14 anos ou mais de idade, desocupadas na semana de referência no 4º trimestre 2024 apresenta dados positivos em Porto Alegre, os seja das quatro regiões estudadas o município de Porto Alegre registra o menor percentual de desempregadas. Uma das possíveis explicações é a forte presença de atividades terciárias em Porto Alegre, e na RMPA, ao passo que no Estado como um todo há a presença do setor secundário e primário como mais força.
A tabela 1 mostra a taxa de informalidade (%) das pessoas de 14 anos ou mais de idade ocupadas na semana de referência no 4º trimestre 2024 no Brasil, no estado do Rio Grande do Sul, na RMPA e no município de Porto Alegre. É possível ver que a taxa de informalidade das pessoas das pessoas estudadas no 4º trimestre 2024 é de 38,6% no Brasil, 32,0% no RS, 28,5% na RMPA e 29,6% no município de Porto Alegre. A RMPA e Porto Alegre apresentam uma taxa de informalidade inferior às duas regiões também estudadas.
Tabela 1 – Taxa de informalidade das pessoas de 14 anos ou mais de idade ocupadas na semana de referência (%) no 4º trimestre 2024 no Brasil, no RS, na RMPA e no município de Porto Alegre
Brasil | Rio Grande do Sul | RMPA | Porto Alegre | |
Total | 38,6 | 32,0 | 28,5 | 29,6 |
Homens | 39,8 | 32,2 | 27,6 | 29,1 |
Mulheres | 36,9 | 31,9 | 29,5 | 30,1 |
Fonte: Elaborado pelo Observatório UniLaSalle: Trabalho, Gestão e Políticas Públicas a partir dos dados disponíveis em https://sidra.ibge.gov.br/pesquisa/pnadct/tabelas acessado em 24/02/2025
Quanto ao rendimento médio mensal real das pessoas de 14 anos ou mais de idade ocupadas, na semana de referência, com rendimento de trabalho, habitualmente e efetivamente recebidos no trabalho principal e em todos os trabalhos, nas regiões estudadas comportam uma triste realidade: os homens apresentam um rendimento superior que as mulheres em todas as esferas. No Brasil as mulheres recebem 12,8% menos, no estado do Rio Grande do Sul, 14,06% menos, na RMPA 14,1% menos e em Porto Alegre 12,6% menos que o total. Esta diferença de rendimentos entre gêneros pode explicar um conjunto de desigualdades que persistem desde a inclusão da mulher no mercado do trabalho de forma mais intensa, a partir dos anos 1970. (Observatório Trabalho, 2025)
Para finalizar esta reflexão, referentes às comemorações referentes ao Dia da Mulher ainda têm muitas etapas a serem enfrentadas para que haja um ambiente de trabalho mais equânime. Assim, podemos resumir: somente Porto Alegre tem um menor número de mulheres desocupadas em relação aos homens. Outro termômetro a informalidade, os homens estão em maior proporção do que as mulheres, com exceção do Brasil. A informalidade é um problema muito difícil de ser reduzido, provocando uma remuneração inferior ao mercado formal de trabalho e impede que as pessoas tenham acesso aos benefícios como férias, 13º salário entre outros. Finalmente, o rendimento médio mensal real das pessoas de 14 anos ou mais de idade recebidos no trabalho principal e em todos os trabalhos, por sexo no 4º trimestre 2024 no Brasil, no estado do Rio Grande do Sul, na Região Metropolitana de Porto Alegre e no município de Porto Alegre foi inferior para as mulheres do os homens em todas as regiões.
*Moisés Waisman. Economista, professor da UniLasalle e pesquisador do Observatório das Metrópoles – Núcleo Porto Alegre.
**Judite Sanson de Bem. Economista e pesquisadora do Observatório das Metrópoles – Núcleo Porto Alegre.
***Rute Henrique da Silva Ferreira, professora da UniLasalle e pesquisadora do Observatório das Metrópoles – Núcleo Porto Alegre.
****Este é um artigo de opinião e não necessariamente representa a linha editorial do Brasil do Fato.