Estamos vivendo um momento terrível e perigoso.
A dupla nazista Trump e Musk está promovendo uma verdadeira blitzkrieg fascista, nos EUA e no mundo.
Início de governo é o momento propício para se avançar nas pautas propostas, quando ainda não se tem resistência e desgastes. E a velocidade e profundidade das ações da dupla nazista tem deixado as pessoas atônitas e surpresas (surpresa sem razão, nunca esconderam o que eram e queriam).
Querem ir até onde puderem.
E o Brasil de Lula está na mira.
É o país mais importante da América do Sul, a "perna fraca", vulnerável, dos BRICS, com um governo de centro-esquerda, e sua Suprema Corte enquadrou o X de Musk ano passado.
E boa parte da mídia e da elite brasileira, por convicção, por oportunismo, por medo, por viralatismo, embarcou na onda de colocar Lula na mira.
Como afirmou a professora Eliara Santana, "há novamente em curso uma fabricação de percepção negativa em relação ao governo, em tudo semelhante, mesmos padrões, ao que já ocorreu em 2014".
A economia dá vários sinais positivos, e não são apenas "números", a vida concreta das pessoas, de modo geral, tem melhorado, o consumo tem aumentado, o desemprego e a miséria têm caído, mas, como afirma Eliara, "tudo é apresentado pelo viés negativo". É que não basta a economia, a comunicação é fundamental. Como dizia Chacrinha: "quem não se comunica se trumbica".
Precisamos, portanto, voltar àquele "espírito" de 2022, quando nos mobilizamos profundamente, todos, contra a reeleição de Bolsonaro por avaliar – corretamente, sabemos hoje – que ela jogaria o país numa ditadura aberta.
Precisamos "segurar a onda" dessa ofensiva atual da extrema direita. É provável que esse seu fôlego e ímpeto iniciais diminuam (lembrando, contudo, a poderosa rede de desinformação que controlam). Mas as "conquistas" que alcançarem serão difíceis de reverter depois.
Sim, temos críticas razoáveis ao governo Lula.
Temos nossas vidas, nossos projetos e obrigações pessoais.
Temos, alguns, nossas legítimas pautas políticas e sociais mais restritas e focadas.
Contudo, se a extrema direita voltar no Brasil, voltará mais agressiva ainda, e com sede de vingança, como Trump nos EUA. E aí, essas nossas vidas, projetos e pautas políticas irão por água abaixo.
Por isso é preciso dedicarmos uma parte de nosso tempo e energia para defendermos o governo Lula, que é, hoje, nosso baluarte contra o fascismo.
Claro que o governo pode e deve fazer sua parte também. Deus queira que o faça.
Mas cada um de nós deve dar sua contribuição.
Não é alarmismo: o perigo é muito real!
Rubens Goyatá Campante é doutor em sociologia pela UFMG e pesquisador do Centro de Estudos Republicanos Brasileiros (CERBRAS)
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Nota: Eliara Santana admite os equívocos do governo, mas credita a queda recente da popularidade de Lula nas pesquisas a dois fatores: 1) o trabalho da extrema direita nas cidades do interior, por meio das igrejas evangélicas, da atuação do PL Mulher, capitaneada por Michelle Bolsonaro e da farta distribuição de recursos às bases dos parlamentares nas pequenas cidades; 2) à estratégia de desconstrução midiática de Lula: "observem", recomenda Santana, "como foram tratados pela mídia os dados positivos da economia: são problemas porque impactam a inflação. Queda no desemprego, aumento no consumo das famílias, PIB, tudo tratado como problema. Institui-se a ideia de “gastança” do governo. A economia passa a ser tratada pelo viés negativo deliberadamente. Não há assunto positivo, apenas um discurso martelando diuturnamente ideias como “descontrole”, “gastança”, “carestia”. E está criada a sensação de que tudo está ruim, e esse discurso toma conta do bar, do supermercado, da padaria, do sacolão.
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Leia outros artigos de Rubens Goyatá Campante em sua coluna no Brasil de Fato MG
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Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal.