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O mundo sobreviverá ao retorno de Trump e à extrema-direita

Neste cenário de incertezas no mundo, podemos encontrar as respostas que as esquerdas buscam para acessar a sociedade

O retorno de Donald Trump à Casa Branca em janeiro deste ano provocou um efeito devastador nas relações entre os países, inclusive entre antigos aliados. O hardpower apresentado pelo atual governo americano está chegando a um nível que está tornando o mundo ainda mais caótico.

Mas até onde irão as ameaças de Trump ao planeta? Talvez não tenhamos essa resposta tão cedo, já que ainda estamos com pouco mais de 50 dias deste segundo governo, iniciado em janeiro de 2025. Mas não podemos menosprezar as ações de uma potência desgovernada.

Aterrorizar imigrantes com uma política de deportação em massa, colocar brutamontes fardados para prender e expulsar famílias latinas pobres é fácil. Essa infeliz promessa de campanha, que encantou os corações e mentes de parcela empobrecida e desempregada norte-americana, foi colocada em prática horas depois da posse.

A política higienista propagada pela extrema-direita fascista não produzirá efeito positivo nem na economia americana, pois a população de imigrantes, na maioria das vezes, ocupa posições em subempregos rejeitados pelos nativos.

Difícil será manter uma guerra comercial contra a China. Enquanto o americano delira, os comunistas já projetam um crescimento de 5% na economia do país este ano e se preparam para responder ao tarifaço à altura, com novas alternativas comerciais – oxalá que o Brasil aproveite para emplacar mais produtos na economia chinesa.

A guerra de tarifas prometida por Trump tem o potencial de provocar uma recessão mundial e, segundo especialistas, não fará a América grande novamente. Ao contrário: emplacadas tais tarifas de importações pelo governo americano, o país sofrerá com escassez de produtos e inflação interna. Só quem acredita naquela falácia é quem habita o mesmo continente mental de quem crê que na Terra plana.

Quem tem memória sabe que o real motivo da guerra entre Rússia e Ucrânia foi a tentativa dos ucranianos de entrarem na Otan, criando uma ameaça aos russos. Coube aos americanos bancarem essa ameaça e a invasão russa se tornou inevitável.

Agora, Trump largou a Ucrânia à própria sorte, acusou o Zelensky de ditador, suspendeu o apoio financeiro e o repasse de informações pela CIA, além de protagonizar uma das cenas mais grotescas dos últimos tempos entre dois chefes de Estado, quando humilhou o presidente ucraniano no Salão Oval da Casa Branca.

O império americano agoniza, assim como aconteceu a todos os que o antecederam. Já não dá para saber quem é aliado ou quem é inimigo do imperialismo. Canadá, União Europeia, Inglaterra, Ucrânia e – quem diria! – a Otan, para ficar só nesses, já não dispõem de termos mútuos de amizade com os Estados Unidos de Trump.

As ameaças expansionistas de anexação contra o Canadá e a Groenlândia, de tomada do Canal do Panamá e a guerra comercial mundial são uma mostra de que ninguém está imune ao império trumpista. Mas o que fazer?

É uma janela histórica para a esquerda mundial demonstrar as mazelas que a extrema-direita fascista provoca quando chega ao poder. Há uma tendência de decaimento das democracias em todo o mundo, por conta do exemplo do autoritarismo como forma de fazer política.

Em meio a este cenário de incertezas no mundo, podemos encontrar as respostas que as esquerdas em todo o planeta estão buscando para acessar sobretudo as camadas mais pobres da sociedade. Políticas migratórias decentes, fortalecimento dos organismos multilaterais e respeito à soberania dos países e dos povos devem compor programas de governos e discursos das esquerdas pelo mundo.

Trabalhadores e trabalhadoras precisam estar cientes de que decisões estapafúrdias, tomadas do outro lado do mundo, afetam preços de alimentos e outros produtos na nossa casa, assim como provocam uma desorganização na cadeia de empregos. Essa extrema-direita, nazista e fascista simbolizada por Donald Trump precisa retornar ao lixeiro da história.

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