Agora temos uma temperatura razoável aqui no Rio Grande do Sul. A quarta onda de calor no estado está arrefecida. Teremos mais outras ondas de calor a seguir? Não conseguimos saber de forma mais precisa, porque a natureza terrestre está desorientada. Aliás, nós conseguimos desorientá-la.
Ainda sofremos com os enormes prejuízos causados pelas ondas de calor no Estado e País. Prejuízos na saúde das pessoas (emergências hospitalares superlotadas), dos animais e da vegetação. Significativas perdas no campo.
Com as ondas de calor sofremos enormes prejuízos no campo e nas cidades.
Nunca o verão foi tão intenso e nem o “La Niña” tão incidente; nunca tantas fortes ondas de calor repetidas. As recentes ondas de calor vieram com forte presença dos raios ultravioletas (UV), pequeníssimas ondas muito energéticas em alta frequência, que, juntamente com as outras ondas solares, atingem a tudo e a todos com suas queimaduras e outros malefícios.
Enfrentar e prevenir os eventos climáticos extremos é responsabilidade de todos(as), especialmente dos governantes, legisladores e agentes privados. É fundamental parar de destruir a natureza e ajudar a recuperá-la. Prevenir com mais responsabilidade estes eventos climáticos. Leis devem possuir sustentabilidade ambiental. Agentes privados precisam convencer-se de que é possível produzir com formas ambientais sustentáveis, com mais qualidade e sem aumentar custos no médio prazo, aumentando produtividade e ganhos.
Quando tratamos de intenso calor e poluição, precisamos conhecer o exemplo de Medellin (Colômbia), que visitamos em janeiro passado.
Medellin ficou mundialmente conhecida no mundo pelo tráfigo de drogas, especialmente cocaína. O maior cartel era o de Medellin, liderado por Pablo Escobar, que incidia sobre tudo e todos. Tinha um concorrência dentro da própria Colômbia através do Cartel de Calli. Os cartéis agiam diferenciadamente, mas não hesitavam em matar. Hoje estão extintos. A enorme fazenda de Pablo Escobar está desapropriada a serviço da Prefeitura de Medellin, também servindo de ponto turístico.
Recentemente Medellin teve que enfrentar outra situação que também provocava mortes.
Medellin é a capital do Estado de Antioquia, situada nas montanhas da Cordilheira dos Andes numa altitude 1500m. Sua temperatura tem pouca variação durante todo o ano e é elevada. Possui aproximadamente 2,5 milhões de habitantes numa região metropolitana de 5,0 milhões de pessoas.
Está localizada num grande vale, chamado Aburrá, circundado por enormes montanhas. Nestas condições nem calor e nem poluição dissipavam.
A situação foi tornando-se cada vez mais crítica e em 2016, a Universidade local Antióquia já contabilizava 1971 mortes.
O vale onde situa-se Medellin não dissipava nem calor e nem poluição. A universidade de Antióquia registrou 1971 mortes prematuras. Hoje o mundo reconhece Medellin como “a cidade de eterna primavera”.
A solução foi implantar 30 corredores verdes ao longo de todas as avenidas, rio e arroios e grandes parques. Quais espécies de árvores foram escolhidas? Aquelas que já estavam adaptadas à região (espécies locais), incluindo árvores frutíferas, principalmente mangueiras, que apresentaram o melhor desempenho na redução do calor e captação de gases de efeito estufa. Não foi escolhida por acaso: as mangas são a fruta principal da região, vendidas em grandes quantidades em bancas por todas as ruas.
Após a produção e coleta das sementes, estas foram misturadas e semeadas. O resultado são verdadeiros matos convivendo com a cidade fortemente urbanizada, propiciando um clima agradável (o que não faz uma sombra?) e forte redução da poluição.
O maior corredor verde está ao longo da Autopísta Norte-Sul, que ladeia o Rio Medellin e atravessa parte da região metropolitana.
O mais impressionante e belo ladeia o Arroio Aydjubá e Avenida e leva ao Parque ecológico.
Em média a temperatura anual reduziu em 3ºC. Para atacar mais ainda a poluição a arborização continua sendo implantada e os veículos elétricos começam a substituir os veículos à combustão.
Hoje Medellin é mundialmente reconhecida e premiada como “a cidade da eterna primavera”.
O custo para implantação de corredores verdes é bem inferior aos prejuízos causados pelas ondas de calor.
O exemplo pode ser implantado em qualquer município. Seu custo será bem inferior aos prejuízos causados pelas ondas de calor que sofremos. Basta vontade política.
Na “cidade da eterna primavera”, o mato convive harmoniosamente no meio urbano.
* Este é um artigo de opinião e não necessariamente representa a linha editorial do Brasil do Fato.
