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Nos 45 anos do PT, Paulo Paim defende renovação política e frente ampla fortalecida contra ascensão da extrema direita

Há quatro décadas no Congresso, senador confirma que não irá se candidatar em 2026

Nesta semana, o Partido dos Trabalhadores (PT) completou 45 anos em um momento, mais uma vez, à frente do poder no Brasil, mas com dilemas sobre a postura da legenda daqui pra frente. Os embates se tornaram evidentes na eleição municipal passada, realizada em 2024, quando alguns grandes nomes do partido divergiram a respeito dos rumos: à esquerda, ou seja, voltar para as bases que fundaram o partido, ou ao centro, fortalecendo a chamada frente ampla.

Para um dos políticos mais tradicionais do PT, Paulo Paim (PT-RS), filiado ainda na fundação da legenda, em 1985, e sem nunca ter mudado de partido, a resposta é a conciliação entre esses dois entendimentos, no entanto, focando em fortalecer alianças.

“A frente ampla tem que ser construída com todas as pessoas de bem que queiram ajudar a reconstruir o Brasil. Já que foi praticamente destruído em governos depois da companheira Dilma, da qual eu tenho maior carinho, maior respeito”, disse em entrevista ao programa Bem Viver desta quarta-feira (12).

“Não é buscar novos caminhos, mas novas formas de caminhar. Por isso que eu acho que a frente ampla é um caminho possível com muito diálogo.”

Próximo de completar 75 anos, Paulo Paim afirma que não irá se candidatar mais, depois de 40 anos como congressista. 

Oriundo da base sindical, ele foi peça-chave na Assembleia Constituinte, para garantia de direitos trabalhistas e da população negra do país.

Na entrevista, ele relembra esse passado e fala sobre como pretende “passar o bastão” para novos nomes da política brasileira.

Confira a entrevista na íntegra

Como o senhor avaliou a eleição do Congresso?

Parafraseando Ulysses Guimarães: “Vocês acham que está ruim, se cuidem, que pode piorar”. Eu não digo que seja isso, mas é um alerta.

Me preocupou já a declaração do Hugo Motta, em relação ao 8 de janeiro. Todo mundo sabe o que houve, e a consequência que foi: um movimento nacional até internacional para preservar a democracia. E a declaração que ele deu foi uma declaração infeliz. Vi já que ele está se retratando. 

Eu espero que seja verdadeira essa retratação e que não é isso que ele pensa. Todo mundo sabe que a democracia está em primeiro lugar, independente de quem perde, quem ganha.

Claro que outra preocupação que eu tenho, e não há quem não tenha, é essa a questão das emendas. Eu sempre fui um crítico e por isso falo com muita tranquilidade.

O Pix é muito frágil, não é que não seja bom o Pix, mas para emenda não se deve usar. O Pix é na vida particular.

PT está celebrando 45 anos de história. Qual é o momento do partido? Como a legenda deve se comportar frente à ascensão da extrema direita, rumo às bases ou à frente ampla? 

Nós temos que trabalhar nas duas linhas. Você tem que olhar para a base e pensar na frente ampla. A questão não é sobre voltar ou não voltar, é atender as bases, é dialogar com as bases, é a forma de você falar. É a forma de se comunicar.

Não é dizer só "vamos mudar os caminhos", mas a forma de caminhar. É preciso, sim, manter contato com as bases, dialogar com todos os setores da sociedade, com os estudantes, com os sindicalistas, com os trabalhadores, nessa nova versão quase do mundo do trabalho.

Mas pensar na frente ampla. Por exemplo, resolveria nós botarmos um candidato a presidente no Senado e da Câmara, simplesmente, para ter um nome de esquerda? Não. Não resolveria e não vai resolver. 

Nós sempre temos que dialogar com os setores. Sabemos que a extrema direita tem o seu ponto de vista e não vai mudar. 

Hoje nós temos aí a verdadeira guerrilha, o estado de guerra permanente em relação às redes sociais, onde a mentira acaba prevalecendo.

Nós temos que estar preparados. Se há uma guerrilha, nós temos que ir para a guerra, temos que fazer o enfrentamento no mundo da verdade, fazendo que não prevaleça a mentira.

O governo tem potencial, não tem como o governo não se preparar para que prevaleça a verdade, somente a verdade. 

A frente ampla tem que ser construída, com todas as pessoas de bem que queiram ajudar a reconstruir o Brasil, já que foi praticamente destruído em governos, depois da companheira Dilma, da qual eu tenho maior carinho, maior respeito.

Não é buscar novos caminhos, mas novas formas de caminhar. Por isso que eu acho que a frente ampla é um caminho possível com muito diálogo.

E sobre o seu futuro, senador? O que o senhor pretende em 2026?

Eu estou em um período de transição. Há seis anos, eu já avisei que eu não pretendia concorrer mais. Na última eleição, eu já repeti também.

Eu acho que é o momento, no meu caso, com tudo que eu aprendi, compreendi das instâncias da vida pública, de passar o bastão para a geração mais nova, de eu dar uma oportunidade para que outros entrem no parlamento.

Posso ser o conselheiro, posso ser alguém que vá dar cursos da importância da política e da democracia, eu acho que isso tudo eu posso ajudar. 

E, nesse momento, eu gostaria muito e tenho dito isso de ajudar a eleger o novo Congresso Nacional do meu jeito, mas respeitando o jeito dos outros, né? 

Na última semana, o Superior Tribunal de Justiça decidiu que não existe a tese do chamado racismo reverso, ou seja, casos de injúria racial não se aplicam a pessoas brancas. Como o senhor entendeu essa decisão?

O preconceito racial no Brasil é uma realidade, é inegável. Ninguém tem dúvida que o preconceito é contra o povo negro, principalmente.

Eu sempre digo que não há um negro que eu conheci que diga que nunca sofreu racismo. Se ele disser que nunca sofreu, ele está faltando com a verdade.

Para aprovar o Estatuto da Igualdade Racial, e ali está o princípio da política de cotas, eu tive que ir ao Supremo Tribunal Federal.

Dai me perguntaram: “Por que você você é o autor do estatuto e por que que você quem foi escolhido para ir ao STF para defender?” Eu digo: “só por um motivo, só tinha um negro no Senado, era eu”.

Então a decisão foi corretíssima. Só um exemplo: a cada 10 jovens assassinados nesse país, 8 são negros.

Se eu fosse um dia fazer uma entrevista para ti e você me perguntasse alguns fatos de preconceito de racismo que você teve ao longo da vida, eu precisava de um programa inteiro para te contar.


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