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‘É um conflito na Ucrânia, entre Rússia e o chamado Ocidente’, avalia pesquisador sobre os três anos de guerra

Professor Anderson Barreto foi entrevistado pelo programa Central do Brasil e avaliou o possível acordo para pôr fim à guerra

A guerra na Ucrânia completou três anos nesta segunda-feira (24) e as negociações para pôr fim ao conflito têm estremecido a geopolítica. De um lado, o governo dos Estados Unidos, liderado pelo presidente Donald Trump, tem negociado diretamente com a Rússia, sem a participação da Ucrânia. Do outro, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, chamado de “ditador” por Trump, disse que aceita deixar o cargo para que a Ucrânia possa ter algum protagonismo nas negociações de paz. E, finalmente, a Europa parece correr contra o tempo para não ficar de fora do acordo.

Em entrevista ao programa Central do Brasil desta segunda-feira (24) o professor de história, pesquisador e parceiro do Instituto Tricontinental, Anderson Barreto Moreira, diz que um possível acordo de paz deve provocar uma mudança profunda no xadrez da geopolítica. “A guerra vai reconfigurar o tabuleiro, tanto político como de segurança da Europa”, alertou Barreto.

O professor afirma que a posição da Ucrânia nas negociações revela os verdadeiros atores da guerra. “Na verdade, é um conflito na Ucrânia entre a Rússia e o chamado Ocidente”, avalia. Para Barreto, as grandes potências ocidentais apostaram alto ao seguir com o plano de inclusão da Ucrânia na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), o que colocava em risco a segurança nacional da Rússia.

“O governo de [Joe] Biden decide apostar em ultrapassar a chamada linha vermelha que a Rússia havia estabelecido, da entrada da Ucrânia na Otan e, a partir daí, se desenvolve esse conflito que estamos vivendo há três anos. (…) O que ocorreu ali foi uma aposta de que a Otan, o Ocidente, conseguiria, junto com as sanções econômicas e com articulação internacional, submeter a Rússia a suas vontades. Só que houve exatamente o contrário”, disse o professor.

Barreto destaca que a derrota do Partido Democrata e o retorno de Trump ao poder promoveram uma “reorganização da política internacional” e descarta a entrada da Ucrânia no bloco diante da nova configuração. “Há várias negociações em andamento. A Ucrânia não foi convidada, a Europa não foi convidada, ou seja, é diretamente uma tratativa entre Rússia e Estados Unidos, junto com a China, se recolocando como as duas potências que estabelecem a divisão do poder mundial.”

O Central do Brasil é uma produção do Brasil de Fato. O programa é exibido de segunda a sexta-feira, ao vivo, sempre às 13h, pela Rede TVT e por emissoras parceiras.

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