A falta de visibilidade de políticas na área da saúde foi um dos fatores que levaram à mudança no comando do ministério, segundo Renato Eliseu Costa, doutor em políticas públicas. Ele ressalta que houve muito avanços no setor, mas que não serviram como vitrine para o governo Lula 3.
“A Saúde era uma pasta em que se esperavam vários lançamentos do governo, principalmente fazendo frente aos pontos fracos da gestão Bolsonaro, que riu das mortes no momento de pandemia, que acabou com o sistema nacional de vacinação e com o programa Farmácia Popular. Então tinha uma expectativa de que esses programas pudessem ser grandes vitrines para ajudar o governo a fazer contrapontos ao governo passado e ajudar no aumento da sua popularidade”, explica. Justamente por isso, o escolhido para ocupar a vaga de Nísia é Alexandre Padilha, que já esteve à frente da Saúde durante o governo Dilma Rousseff e tem “grande potencial de articulação política”, segundo Costa.
Ele também destaca que a Saúde é um ministério sempre cobiçado pelo Centrão: “O Centrão mais conservador vem atacando essa pasta nos últimos dois anos porque ali se concentra um orçamento muito grande, e boa parte das emendas parlamentares são destinadas via Saúde através de um órgão chamado Funasa”.
Para o doutor em políticas públicas, tanto a reforma ministerial quanto a mudança na comunicação do governo são tentativas de recuperar a popularidade. Segundo levantamento da Genial/Quaest divulgado nesta quarta-feira (26), a desaprovação do governo supera a aprovação nos oito estados pesquisados: Bahia, Goiás, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo.
Costa aponta dois fatores como cruciais para entender a queda de popularidade: a inflação dos alimentos e a dificuldade do governo em colocar suas políticas públicas frente ao parlamento brasileiro. Com um Congresso majoritariamente conservador e acostumado a ter acesso ao orçamento via emendas secretas, “o governo fica fragilizado no uso do próprio orçamento público para colocar as políticas públicas que vão se transformar em melhorias na qualidade de vida da população'”, explica.
O especialista também alerta que, se não houver uma política para diminuir o preço dos alimentos, isso ainda vai ser um calcanhar de Aquiles no governo.
A entrevista completa está disponível na edição desta quarta-feira (25) do Central do Brasil, no canal do Brasil de Fato no YouTube.
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Desperdício x doação de alimentos
Na última semana, as redes sociais foram inundadas por uma série de vídeos em que produtores ligados ao agronegócio estariam jogando alimentos no lixo para forçar o aumento dos preços. Já os movimentos populares reforçam a necessidade de não ver os alimentos apenas como um produto para geração de lucro.
Ilha do Combu
Nos últimos anos, a ilha do Combu, no Pará, se tornou referência para o turismo, proporcionando uma experiência de contato das pessoas com o rio e com as comunidades ribeirinhas que vivem na região. Mas os moradores denunciam que a falta de regulamentação dessas práticas por parte do poder público estaria causando o aumento da violência, da degradação ambiental e, consequentemente, a escassez de produtos essenciais para atividades extrativistas.
O Central do Brasil é uma produção do Brasil de Fato. O programa é exibido de segunda a sexta-feira, ao vivo, sempre às 13h, pela Rede TVT e por emissoras parceiras.