O tarifaço imposto pelo presidente Donald Trump aos parceiros comerciais dos Estados Unidos em todo o mundo abre uma oportunidade para uma nova arquitetura financeira global, líderadas pelos países do Brics. Essa é a análise do analista político e historiador Miguel Stedile, convidado de O Estrangeiro, podcast de politica internacional do Brasil de Fato desta quarta-feira (9).
Stedile aponta que a postura dos países do Brics até o momento tem sido de cautela em relação ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e ao Banco Mundial, como forma de não gerar uma hostilidade em relação aos países do G7 e da Otan, mas a partir das sanções aplicadas contra a Rússia após o início da guerra na Ucrânia, o tema vem ganhando força.
“Agora você tem uma situação catastrófica que te exige responder mais rápido e que abre espaço com a vantagem de que nesse meio tempo os russos foram criando sistemas, os chineses também, então agora a gente tem uma alternativa, não é ser pego desprevenido. São alternativas que estão nascendo, elas não estão consolidadas, mas pelo menos existe um Plano B.”
A discussão sobre uma nova arquitetura global é um dos temas que estão sendo discutidos pelo campo progressista mundial esta semana em São Paulo na conferência Dilemas da Humanidade.
Um dos temas centrais nessa discussão é a desdolarização da economia mundial. “Existem inúmeros problemas estruturais no sistema financeiro mundial que impedem isso de acontecer, mas algumas transações ocorrerem em outras moedas já é uma realidade. O yuan [moeda chines] já se tornou a terceira moeda mais importante do mundo em termos de financiamento, é a quinta em termos de reseva, de transações. A Bolívia por exemplo já usa mais o yuan que o dólar. Essa desdolarização gradual já é uma realidade e será discutida amanhã [quinta-feira]”, informou o jornalista Rodrigo Durão que acompanha as discussões no Sesc Pompeia em São Paulo.