Cortes de gastos na saúde devem gerar 50 mil mortes prematuras (antes dos 70 anos) até 2030 devido à redução da atenção primária no Brasil. É o que afirma um estudo do Instituto de Saúde Coletiva (ISC) da Universidade Federal da Bahia (UFBA). A pesquisa analisou os efeitos das mudanças na Estratégia Saúde da Família (ESF), programa que visa a promoção da qualidade de vida da população brasileira.
Em entrevista ao Repórter SUS, programa produzido em parceria com a Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, da Fundação Oswaldo Cruz, o pesquisador Davide Rasella, coordenador do estudo, afirmou que o ESF foi responsável pela redução da mortalidade infantil e do número de hospitalizações no país, mas que tem sido prejudicado por medidas de austeridade fiscal.
Ele explica que, para fazer a análise, foram construídos modelos matemáticos para entender o impacto na população das medidas de redução de recursos na Atenção Primária à Saúde (APS) — como a Emenda Constitucional 95/2016 –, os cortes no Sistema Único de Saúde (SUS) e o desmonte do programa Mais Médicos, que devem aumentar em 8,6% as mortes causadas, principalmente, por doenças infecciosas e deficiências nutricionais.
O estudo analisou 5.507 municípios e faz uma projeção de mortes de 2017 até 2030, data limite para o cumprimento dos Objetivos Globais para o Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU).
Em outro estudo a ser publicado, mostra-se que, se adicionadas as mortes de menores de cinco anos, o número deve aumentar para 100 mil óbitos, que poderiam ser evitados com Estratégia Saúde da Família.
“Alguns cortes orçamentários têm um impacto muito forte na saúde da população, então o que a gente quer mostrar é a importância de, se precisar fazer cortes, fazer de uma forma cuidadosa, protegendo a população.”, afirma.
Confira a entrevista completa no player.
*Com entrevista de André Antunes.