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Maria Beraldo: ‘Acho que tem muito espaço pra metáfora’ na minha criação

A multi-instrumentista reflete sobre o impacto do choro em sua formação e o desejo de explorar novos caminhos na música

“De alguma maneira, tudo está realmente muito relacionado à minha vida. É muito biográfico. O Cavala [disco de 2018] mais ainda. Acho que tem muito espaço entre o que se diz e o que significa. Acho que isso tem muito espaço pra metáfora, o espaço da interpretação.” A frase, dita por Maria Beraldo sobre seu processo de construção artística, ecoa no novo episódio do Sabe Som, que estreia nesta sexta-feira (28). 

Em conversa com Thiago França, a cantora, compositora e clarinetista reflete sobre identidade musical, os desafios da experimentação e a relação entre liberdade e sua criação.

Com uma trajetória marcada pela versatilidade, Maria revisita influências que moldaram sua forma de compor e tocar. Nesse contexto, o choro aparece como um elemento central em sua formação. “Eu aprendi a fazer melodia tocando choro, ouvindo choro, então acho que é tudo choro, o Colinho, o Cavala, tudo vem daí”, conta.

O gênero tradicional, permeado por improvisação e virtuosismo, ajudou a construir a base para sua expressão musical, que se expande para a canção, a música experimental e a produção de trilhas sonoras.

Recentemente, a artista assinou a direção musical do espetáculo Avenida Paulista, da Consolação ao Paraíso, que está em cartaz no Sesi Paulista.

Maria compartilha como a crítica e a recepção do público podem revelar novos significados para sua obra. “Isso eu acho a melhor coisa do mundo, é quando alguém ouve alguma coisa que você fez e encontra algo que você não sabia.”

Escolhas artísticas e a busca por novos caminhos

A liberdade para experimentar e testar limites sonoros se tornou um pilar fundamental em sua produção. Agora, depois de lançar trabalhos que consolidaram sua identidade musical, a artista vê a possibilidade de explorar novos rumos de forma mais consciente.

“Eu acho que antes do Cavala eu era clarinetista. Aí, no Cavala, eu virei compositora, cantora, meio uma metamorfose. Eu fui entendendo também que eu sou mais uma pessoa que gosta de ter ideias e de pensar na música, do que, sei lá, tocar uma partitura que está escrita. Então, esses 6 anos foi meio: nossa, que legal, eu posso fazer isso, e abriu muito o caminho de som”, conta.

Revistando suas influências musicais, Maria também relembra: “Minha adolescência foi totalmente com o repertório de 50+. Choro, jazz, música instrumental, Hermeto Pascoal. Mas eu ouvia Hanson e Backstreet Boys também. Música pop mesmo, não não ouvia muito rock, nada disso. E aí quando eu saí de casa, fui conhecer um pouco mais, […] Então, acho que o Cavala é muito eu deslumbrada com esse mundo de sonoridades. Daí eu acho que no Colinho eu voltei um pouco”.

Lançado em outubro de 2024 pelo selo Risco, Colinho marca uma nova fase na carreira de Maria Beraldo. O disco sucede Cavala e é resultado de um processo coletivo, com colaborações de artistas como Ana Frango Elétrico, Zélia Duncan e Negro Léo. A produção manteve a parceria com Tó Brandileone, também co-produtor de Cavala.

Musicalmente, Colinho transita entre o jazz e o pop experimental, evidenciadas na faixa I Can’t Stand My Father Anymore. As letras abordam temas ligados a sexualidade e identidade de forma provocativa e questionadora.

O Sabe Som? vai ao ar toda sexta-feira, às 10h da manhã, nas principais plataformas, como Spotify e YouTube Music.

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